6.1. Cavalhadas

As Cavalhadas foram trazidas de Portugal em momentos iniciais da ocupação do Brasil e se espalharam por várias localidades do território brasileiro.

Em Goiás são várias as cidades que mantém a tradição das Cavalhadas que representam as lutas entre mouros e cristãos, ainda no período medieval.

Na cidade de Pirenópolis, surgida nas décadas iniciais do século XVIII, as Cavalhadas foram inseridas no conjunto de manifestações que compõem a Festa do Divino Espírito Santo, cujo apogeu é o Domingo de Pentecostes, dia que inicia a encenação das Cavalhadas que perduram ainda nas tardes de segunda e terça-feira.

A realização da primeira Cavalhada em Pirenópolis ocorreu em 1826 (JAYME, 1971) quando foi inserida pelo padre Manuel Amâncio da Luz, responsável ainda por outros incrementos da Festa do Divino.

As Cavalhadas são compostas por doze cavaleiros mouros (vestidos nas cores: vermelho e dourado) e outros doze cavaleiros cristãos (vestidos em azul e prata). Este conjunto de cavaleiros iniciam os conflitos a partir do momento em que um espião mouro é morto por adentrar o território cristão. O espião aqui é caracterizado como uma onça, animal que circulava em relativa abundância pelo Cerrado. Após a morte do espião tem início as batalhas entre os dois grupos que duram toda uma tarde, a de domingo e acaba com o pedido de trégua. Na tarde seguinte após várias “carreiras” coreografadas, acontece a rendição dos mouros que pelo batismo são convertidos em novos cristãos, a partir daí os cavaleiros passam a disputa de habilidades, que acontece com inúmeros jogos equestres que ocorrem na terça-feira pela tarde.

Nos jogos os cavaleiros demonstram habilidades com o cavalo, os momentos mais esperados são: a formação do buquê de flores, quando quatro cavaleiros unem as flores que portam para homenagear seis pessoas. E o segundo momento mais aguardado é a retira de argolinha, que presa a um aro ornamentado de branco e vermelho porta uma pequena argola que deve ser retirada pela lança empunhada pelo cavaleiro, quanto maior a velocidade do cavalo, maior é a torcida da plateia.

A encenação das Cavalhadas se adaptou muito bem ao contexto goiano voltado para a agropecuária, pois exige habilidades dos cavaleiros no domínio equestre para que as coreografias feitas em campo tenham significados e plasticidade.

As Cavalhadas tomaram dimensão de espetáculo a partir da década de 1970, com o início do aumento da demanda turística na cidade e também por incentivo do órgão de turismo do estado. A partir de então passou a ocorrer anualmente, uma vez que anteriormente chegou a não ser encenada por períodos de quase décadas, pois não havia muito interesse em perpetuar a manifestação cultural. Desde então o grande destaque da Festa do Divino tem sido as Cavalhadas e como incentivo ocorrem pelo menos duas Cavalhadinhas, versão mirim das Cavalhadas em que crianças promovem as mesmas coreografias utilizando cavalos de paus.

Inicialmente as Cavalhadas em Pirenópolis eram realizadas no Largo da Matriz de onde foi transferida no final da década de 1950 para um campo de futebol. Atualmente o campo foi transformado em uma Arena de múltiplo uso, mas ficou conhecido como Cavalhódromo.

Em maio de 2017, o Governo de Goiás, por meio da SEDUCE, lançou o Circuito Cavalhadas de Goiás que criou calendário oficial para as Cavalhadas em 13 municípios goianos: Corumbá de Goiás, Hidrolina, Jaraguá, Luziânia, Palmeiras de Goiás, Pilar de Goiás, Pirenópolis, Posse, Niquelândia, Santa Cruz, Santa Terezinha e São Francisco. Crixás mesmo integrando o Circuito não realizou Cavalhadas em 2017.