O Atlas de festas católicas em sua edição 2ª edição apresenta várias atualizações e aprimoramentos em relação à primeira edição publicada, em 2015 pela Editora da Universidade Federal de Goiás. Nessa primamos pela revisão do texto, ampliação dos recursos interativos disponibilizando-os em formados de mídias, on-line e PDf, ademais para consubstanciar os dados contidos na primeira edição inserimos novos tópicos sobre as folias ocorridas nas cidades de Anápolis e Pirenópolis.
Justifica-se essa inserção pelo fato que após dois anos da primeira edição ocorreu um amplo mapeamento dessas manifestações - as folias, em contextos que revelam a riqueza da religiosidade católica vivida no mundo rural, nas periferias e nas áreas centrais das cidades evidenciando as formas fluídas, dinâmicas e representativas do popular goiano.
Descortinam-se nessa cartografia ampliada, novas imagens e contextos que tornam visíveis os sentidos invisíveis das sensibilidades, da fé, da crença, da religiosidade, do indivíduo e das coletividades diante do sagrado. Ainda foi possível ampliarmos o universo dessas manifestações que fortalecem a identidade do povo goiano com: as músicas e as comidas.
A musicalidade é parte do ritual festivo, ela promove a abertura das portas, portais e janelas que levam o sujeito ao contato com o transcendente. Abram as portas e as janelas deixam o santo adentrar sua casa, assim percorrem os foliões em seus caminhos de devoção. Esta invocação musical assume os sentidos das palavras pronunciadas sem equívoco, tornando a via para alcançar a graça desejada. A comida, presente na maioria das festas populares devocionais, também possuiu um complexo código ritualístico que envolve desde a aquisição, preparação, disposição sobre a mesa e agradecimento da mesma. Mas implica ainda um universo de transcendência comparado à comunhão ou nas relações de dádivas (Mauss, 2003).
Essas práticas antigas do mundo rural, na atualidade, chegam às cidades em seus centros e periferias. O tempo da folia revela várias ritualísticas mediadas pela música, rezas, paradas, saudações dos presépios, levantamento da bandeira sagrada, danças (geralmente as catiras) e agradecimentos das comidas. São esses os novos conteúdos presentes nessa segunda edição.
A continuidade do mapeamento ocorreu com a ampliação da equipe de pesquisadores da Universidade Estadual de Goiás, de graduandos a doutores, envolvidos em diferentes cursos. Dados foram revisados a partir dos sites oficiais dos 246 municípios goianos, muitos deles desatualizados, de produções acadêmicas voltadas para a temática, assim como relatos daqueles que fazem e contribuem para perpetuarem as manifestações religiosas populares goianas. Muitas festas anteriormente apenas indicadas foram visitadas e contribuíram para melhor compreensão dos múltiplos e complexos significados do festejar em Goiás.
