9.4. Os grupos de foliões anapolinos e pirenopolinos

No espaço festivo, a equipe de pesquisadores esteve presente a fim de observar o maior número de ações, desde a preparação, até à execução e à finalização da folia. Cada detalhe foi, atentamente, notado: os objetos que fazem parte dos rituais (as letras das músicas, os arcos, os santos, as flores, os canecos e as comidas); o cenário (a casa, o altar, o percurso); o fenômeno (as experiências contidas ao vivenciarem-se os festejos da folia, a relação da letra com o cenário, o repente nos versos das músicas, a emoção exteriorizada, a reunião familiar, a devoção, o agradecimento e a promessa). Tudo servia para compor o arcabouço das informações e das percepções coletadas in loco.

De acordo com os registros destacamos em Anápolis, as seguintes manifestações populares: a Folia de Reis dos Cassianos, a Folia de Reis da Capelinha, a Folia de Reis do José Pereira, a Folia dos Discípulos de Santos Reis, a Folia de Reis da Igrejinha, a Folia de Reis do Setor Jandaia/Jaiara, a Folia de Reis dos Amâncios e a Folia de Reis no Bairro Santo Antônio.

É interessante perceber que essa rede festiva entrelaça vários municípios do estado de Goiás, sobretudo, durante o encontro de foliões de vários municípios, tais como: Abadiânia, Jaraguá, Goianésia, Corumbá de Goiás, Bonfinópolis, Goianápolis, Nerópolis, Goianira Trindade, Aparecida de Goiânia, Taquaral e Turvânia, entre outros.

Em Pirenópolis, destacamos: a Folia de Reis da região de Santa Rita, a Folia de Reis de Lagolândia, a Folia de Reis da Região do Tortinho, a Folia de Reis de Pirenópolis (zona urbana), a Folia de Reis do Engenho de São Benedito, a Folia de Reis de Radiolândia e a Folia de Reis do Malhador. Ressaltamos, ainda, três folias que homenageiam o Espírito Santo, no período de Pentecostes, e que se fazem presentes no município há pelo menos dois séculos

Essas integram uma densa rede de foliões, devotos, praticantes e visitantes que participam dessas manifestações. Foram identificadas as redes de solidariedade, as formas de transmissão, as trocas, as negociações, os símbolos e os compartilhamentos dos partícipes presentes nesses momentos em que o homem dedica-se a celebrar sua devoção permitindo o extravasamento do seu cotidiano.

Embasado na vivência desse mundo festivo, registramos cenários interpretativos do universo simbólico dos sujeitos presentes na festa. Em face disso, infere-se que as referidas festas são manifestações da cultura popular transmitidas oralmente por várias gerações, e os conflitos, os laços familiares e compadrios constituem as memórias e funcionam como vetores de manutenção das tradições e das identidades locais.