6.3. Procissão do Fogaréu

A inserção da Cidade de Goiás na lista do Patrimônio Histórico da Humanidade, pela UNESCO, em 2001, comprovou a disputa entre diferentes agentes, categorias discursivas e formas narrativas que produzem os conteúdos simbólicos da memória coletiva. O tombamento de edificações isoladas justifica-se a partir do conceito de monumento histórico: determinadas construções são consagradas como testemunhas da história e passam a incorporar a função de promover a rememoração do passado. Com isso, o conjunto dos bens Tombados pelo Iphan constrói narrativas materiais e imateriais de determinada história do Brasil, considerada como a História Nacional, cuja matriz discursiva foi produzida no Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB). Para produzir o patrimônio imaterial, atribuem-se conteúdos simbólicos a determinadas práticas culturais, sacralizando-as como genuínas e autênticas por testemunharem a “identidade” regional cuja origem configura-se na cidade ancestral, onde se deu o início da formação intelectual do povo goiano.

Dentre os vários elementos simbólicos (materiais e imateriais) que coloca a Cidade de Goiás como “berço da cultura” goiana a fim de buscar as origens das manifestações culturais que permanecem vivas até os dias atuais, está a Procissão do Fogaréu, que acontece naquele município, localizado há 142 km da capital, Goiânia. Introduzida na antiga capital do estado de Goiás, trazida da Europa pelo Padre Espanhol João Perestelo de Vasconcelos Espínola, nos idos de 1745, e com quase três séculos de tradição, a procissão ritualiza a procura e a prisão de cristo. Dela participam personagens encapuzados, identificados como farricocos, homens com suas túnicas coloridas e capuz pontudos carregam tochas acesas entre as ruas escuras, representando o caminho dos romanos até o momento da prisão de Cristo. Os 40 farricocos são também os personagens centrais do cortejo e os responsáveis pela manutenção da ordem. A procissão tem início à meia noite de quarta-feira (também chamada pelos cristãos de quarta-feira de trevas) da semana santa, com a iluminação pública apagada e ao som de tambores, saindo de frente da porta do Museu de arte Sacra da Boa morte, na praça principal. Em 2014, a encenação deste espetáculo religioso foi assistida por quase 4 milhões de pessoas dentre as quais a população da cidade, os fiéis e turistas de várias partes do território brasileiro. A procissão segue rápida e de maneiras desordenada até as escadarias da Igreja de N. S. do Rosário, onde encontrarão a mesa da última ceia já dispersa. Daí, segue em direção a Igreja de São Francisco de Paula, que no ato simboliza o Montes das Oliveiras, onde se dará a prisão de Cristo, representado por um estandarte de linho pintado em duas faces pelo artista plástico Veiga Valle, no séc. XIX. No momento da prisão do Cristo, também se ouve o toque de um clarim, executado por um farricoco. Antigamente, em seu lugar havia toques esporádicos de uma “buzina”, chifres de boi que se assemelha a um berrante. Durante a procissão são cantados três peças dos Motetos dos Passos, no início (Exeamus), na parada do Rosário (Domine) e após a prisão do Cristo (Pater). Na quinta-feira é celebrada a Missa do lava-pés, e Santa Ceia na Catedral, na Igreja do Rosário e na Santa Rita.

A semana santa da Cidade de Goiás é uma das mais belas manifestações religiosas do Brasil. E a procissão do fogaréu é um dos pontos mais altos da celebração. Porém, ela é apenas o começo de uma intensa programação que se inicia no domingo anterior (Domingo de Ramos) até o Domingo de Páscoa. Nesse último domingo de páscoa está o dia mais importante para a fé cristã, pois Jesus vence a morte para mostrar o valor da vida.

A partir do domingo de páscoa se estende por mais cinquenta dias até o Domingo de Pentecostes.

A procissão do fogaréu é umas das mais expressivas manifestações do catolicismo popular na cidade de Goiás, mesorregião central do estado de Goiás, situada a 142 km da capital, Goiânia. A procissão tem início à meia noite de quarta-feira (também chamada pelos cristãos de quarta-feira de trevas) da semana santa até o domingo de páscoa, Dela participam personagens encapuzados, identificados como farricocos, homens com suas túnicas coloridas e capuz pontudos carregam tochas acesas entre as ruas escuras, representando o caminho dos romanos até o momento da prisão de Cristo

A procissão do fogaréu da cidade de Goiás transita-se entre os vários elementos simbólicos (materiais e imateriais) que coloca a Cidade de Goiás como “berço da cultura” goiana a fim de buscar as origens das manifestações culturais que permanecem vivas até os dias atuais. E a procissão do fogaréu não se restringe a única manifestação que acontece ali.

Essa mesorregião central do estado de Goiás é a segunda com o maior número de festas no ciclo natalino, ficando atrás apenas da mesorregião Sul.